PROJETO ARQUITETÔNICO: ETAPAS

O profissional responsável pelo Projeto Arquitetônico é o Arquiteto e Urbanista. Este profissional se especializa, em questões mais específicas e por isto, estes têm um olhar mais amplo e apurado em questões de aproveitamento de espaço, conforto térmico, influência psicológica no uso do espaço, estética e mínimos detalhes que fazem toda a diferença na utilização do espaço no dia a dia. 

O projeto arquitetônico é o primeiro a ser elaborado, muitas vezes é chamado de “projeto-mãe”, pois é a partir dele que todos os outros projetos, necessários para a construção, serão desenvolvidos.

Por ser o primeiro, é um dos que têm a participação mais efetiva do cliente ao longo do processo, precisando estar muito bem alinhado, e para isto, entender esta fase é muito importante para uma efetiva parceria entre o cliente e o arquiteto. 

É uma fase complexa e precisa ser bem elaborada, por isto, demanda tempo e é desenvolvido através de algumas etapas, que abordaremos neste artigo. 

Etapas de um projeto arquitetônico
Figura: Etapas do Projeto / Fonte: Canva (2022)

ESTUDO PRELIMINAR

Nesta fase o arquiteto fará um levantamento de informações necessárias para o início do desenvolvimento do projeto, e podem ser divididas em três eixos: As necessidades do cliente, as caraterísticas do local a ser realizado o projeto e as restrições impostas pela legislação do local. 

AS NECESSIDADES DO CLIENTE

Cada pessoa é única! Somos dotados de sonhos, desejos, preferências, limitações, sentimentos, dentre outros que influenciam (e muito) as nossas necessidades diárias. Portanto, nesta fase de projeto cabe ao arquiteto identificar todos estes pormenores para planejar a edificação de forma a atender todas essas necessidades. 

Quando o projeto arquitetônico é individualizado (o cliente é uma única pessoa), esta etapa acaba sendo mais direta e objetiva, otimizando bastante esta etapa, mas quando o projeto é compartilhado (o cliente é uma família com várias pessoas), esta etapa fica mais delicada, sendo necessário atender as necessidades gerais e individuais, o que aumenta o desafio e a complexidade do projeto, aumentando portanto, a duração desta etapa. 

Casal idealizando o projeto da casa
Figura: Casal idealizando o projeto da casa / Fonte: Canva (2022)
AS CARACTERÍSTICAS DO LOCAL DO PROJETO
CONDICIONANTES FÍSICOS

Cada terreno é único, pois mesmo que tenham as mesmas dimensões, estejam situado em um mesmo condomínio ou loteamento, e aparentemente sejam todos iguais, cada terreno terá características únicas, por isso devem ser avaliados individualmente. 

Nesta fase o projetista deve avaliar todas as características do local, começando pelas dimensões do terreno, onde deve ser feito um levantamento no local, pois frequentemente, há divergências nas medidas reais com as medidas da documentação, então esta conferência é fundamental. 

Deve ser verificado também a infraestrutura do local, a fim de conhecer o abastecimento de água, abastecimento de energia elétrica, rede de esgoto, abastecimento de internet e todos os serviços necessários.

Toda essa infraestrutura do terreno servirá como base para o desenvolvimento do projeto, por isso devem ser listadas e quando estiverem presentes devem ter sua localização representadas no levantamento do terreno.

Por exemplo: Se o terreno não tiver abastecimento de água da rede pública, já deve ser prevista uma alternativa no projeto, como um abastecimento através de poço, ou caso não se tenha rede pública de esgoto, já se projeta uma alternativa como a fossa séptica.

Deve-se verificar outros elementos, por exemplo a presença de construções, de árvores, muros, e qualquer outro elemento que possa estar no terreno. Todos devem ser listados e representados no levantamento.

CONDICIONANTES AMBIENTAIS

Outro ponto a ser verificado são os condicionantes ambientais, ou seja, verificar o posicionamento do terreno em relação ao sol, em que parte temos o sol nascente, em que parte temos o sol poente, de onde vem a ventilação predominante, se há alguma fonte de ruído, dentre outros.

Este ponto é extremamente importante, pois vai definir posteriormente a organização do projeto. Por exemplo: Imagine que você mora em uma cidade com elevadas temperaturas, e o seu quarto esteja voltado para o poente, recebendo toda a insolação da tarde, você vai descansar à noite e o quarto estará como? Com a sensação térmica de um forno!

Por isto, dentre outros motivos, os projetos precisam ser personalizados para cada cliente e seu terreno, pois projetos padrões (onde se repete a planta independente do terreno) trazem diversos problemas de conforto térmico, acústico e outros. 

Por fim, o levantamento do solo, que deve incluir: O levantamento planialtimétrico e a sondagem do solo. 

Levantamento topográfico de um terreno
Figura: Levantamento topográfico de terreno / Fonte: Canva (2022)
AS RESTRIÇÕES IMPOSTAS PELA LEGISLAÇÃO

Muitas pessoas pensam que por possuir um terreno, podem construir o que quiserem nele, mas não funciona assim.

Para melhor organizar a cidade, o poder público define parâmetros de construção, ou seja, define de que forma as construções podem ser feitas, em ralação ao tamanho de área construída, de área livre, da altura da edificação, dentre outros parâmetros. 

Quando pensamos apenas na nossa edificação, isso pode parecer ruim, no entanto, quando pensamos na cidade como um todo, percebemos que é realmente necessário.

Imagine, só para exemplificar, se todas as pessoas da cidade resolvessem construir ocupando 100% do solo do seu terreno. Não teríamos nenhuma área livre para o solo, isso traria problemas como inundações pela falta de escoamento, o superaquecimento da cidade, dentre outros problemas. 

Cada cidade possui suas próprias regras, por isto, o arquiteto deve investir tempo na consulta da legislação local.

A legislação pode variar de cidade para cidade, mas, via de regra, será necessário consultar o Plano Diretor da cidade, o Código de Obras do Município, a Lei de Uso e Ocupação do Solo (quando houver), e dependendo do local, às vezes é necessário consultar legislações ambientais, de patrimônio histórico, dentre outras. A partir disto, o arquiteto define o que pode ou não ser feito no terreno. 

Pessoas consultando legislação
Figura: Pessoas consultando a legislação / Fonte: Canva (2022)
A CRIATIVIDADE E COMPATIBILIZAÇÃO

A criatividade vai ser um dos diferenciais do arquiteto, pois ele precisará ter a capacidade de aliar todos os parametros técnicos e legais que são exigidos, com a estética para criar um espaço belo e funcional.

Ao fazer a análise dessas informações (Necessidades do cliente, Caraterísticas do local e Legislação), o arquiteto passa a elaborar os primeiros croquis (esboços das ideias), juntando a sua criatividade e atendendo todas as limitações impostas pelo levantamentos de dados, citados anteriormente.

Pessoa pensando em diversas informações simutaneamente
Figura: Pessoa pensando em diversas informações simutaneamente / Fonte: Canva (2022)

Esses croquis dão origem aos primeiros desenhos de representação do projeto arquitetônico, como planta-baixa, layout, fachadas e etc. A partir daí parte-se para a análise e aprovação do projeto pelo cliente.

ANTEPROJETO

Após a aprovação do Estudo Preliminar, passa-se para a elaboração do Anteprojeto Arquitetônico. Os desenhos passam por revisão e são detalhados tecnicamente, de forma a ajustar os detalhes técnicos.

Desenvolve-se nesta etapa as plantas técnicas como: Planta De Situação, Planta de Locação/Implantação, Planta Baixa, Layout, Planta de Coberta, Cortes, Fachadas, Imagens 3D e qualquer detalhamento necessário para o entendimento do projeto, que devem obrigatoriamente estar adequadamente representados

PLANTAS TÉCNICAS

O cliente analisa o material produzido, podendo ainda fazer ajustes, caso seja necessário. Após a aprovação do cliente nesta etapa, segue-se, SIMULTANEAMENTE, para as etapas seguintes. 

Projeto arquitetônico
Figura: Anteprojeto arquitetônico / Fonte: Canva (2022)

PROJETO LEGAL

O anteprojeto arquitetônico continua sendo desenvolvido nesta etapa, levando em consideração as informações solicitadas pelos órgãos responsáveis pela aprovação do projeto. Estas informações variam de cidade para cidade, logo é necessário consultar o órgão na cidade de implantação do projeto. 

Documentos sendo analisados
Figura: Documentos sendo analisados / Fonte: Canva (2022)
PROJETOS DE APROVAÇÃO NO CONDOMÍNIO

Quando o projeto for para um lote/terreno que fica situado em um condomínio, este deverá atender as regras locais de construção. Essas regras já estão submetidas à legislação do município, mas podem ter regras mais específicas e com mais restrições.

Geralmente os condomínios já possuem manuais e diretrizes que orietam quanto a estas regras e dispõe de profissionais para orientação.

PROJETOS EM ORGÃOS PÚBLICOS

Todo projeto, antes de sua execução, deve ser aprovado nos órgãos públicos responsáveis, isto pode incluir órgãos municipais, estaduais e federais, como foi falado nas restrições impostas pela legislação. Cada órgão tem suas próprias diretrizes e exigências, logo, é necessário verificar o check list do que será necessário de acordo com a localização do terreno.

Após a analise pelo órgão, que pode demorar dias ou até meses, dependendo do local, ai sim você poderá iniciar sua obra, mas para isto você precisa ter o seu projeto executivo.

PROJETO EXECUTIVO

O anteprojeto arquitetônico continua sendo desenvolvido nesta etapa, para obtenção de mais detalhamentos, visando detalhes construtivos que serão necessários para execução da obra. Portanto, nesta etapa é necessário toda a compatibilização com os projetos complementares (estrutural, elétrico, hidrossanitário e outros). Todos os projetos devem estar compatíveis e apresentar todos os detalhamentos para ser viável a construção no canteiro de obras.

Projeto arquitetônico na obra
Figura: Projeto arquitetônico na obra / Fonte: Canva (2022)
PROJETOS COMPLEMENTARES

O projeto arquitetônico completo, os projetos de engenharia e todos os projetos complementares que forem necessários devem estar disponíveis nesta etapa.

MANUAIS DE EXECUÇÃO

A elaboração de manuais podem ser extremamente úteis para que a execução da obra saia de acordo com o que foi pensado no projeto.

Pode-se dividir estes manuais por seguimentos e áreas de afinidades, ou seja, você pode detalhar materiais e procedimentos para facilitar a leitura de projeto e aqquisição de materiais por categorias, por exemplo:

  • Manual de esquadrias;
  • Manual de marcenaria;
  • Manual de vidraçaria;
  • Manual de revestimentos;
  • Dentre outros.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A elaboração do projeto arquitetônico perpassa por diversas etapas, pois é necessário a análise e desenvolvimento adequado das informações.

Abaixo segue um mapa mental resumindo as principais etapas sugeridas, embora cada arquiteto possa usar sua própria metodologia.

Figura: Mapa mental das etapas do Projeto Arquitetônico / Fonte: Campos (2022)

Por fim,

“Arquitetura é antes de mais nada construção. Mas, construção concebida com o propósito primordial de ordenar e organizar o espaço para determinada finalidade e visando a determinada intenção.”

lúcio costa

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